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vivendo e aprendendo

partilha de experiência de vida a nivel geral. Divagar sobre pintura,poesia,história e sobre a sociedade em que vivemos.

vivendo e aprendendo

partilha de experiência de vida a nivel geral. Divagar sobre pintura,poesia,história e sobre a sociedade em que vivemos.

OS MEUS VERSOS

 

 

Rasga esses versos que eu te fiz, amor!

Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento,

Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,

Que a tempestade os leve aonde for!

Rasga-os na mente, se os souberes de cor,

Que volte ao nada o nada de um momento!

Julguei-me grande pelo sentimento,

E pelo orgulho ainda sou maior!...

Tanto verso já disse o que eu sonhei!

Tantos penaram já o que eu penei!

Asas que passam, todo o mundo as sente...
Rasgas os meus versos... Pobre endoidecida!

Como se um grande amor cá nesta vida

Não fosse o mesmo amor de toda a gente!...

 

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

 

 

O MAIOR DOS SOFRIMENTOS `E NUNCA TER SOFRIDO

 

 

Saudade
Saudade é solidão acompanhada,

é quando o amor ainda não foi embora,

mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,

é recusar um presente que nos machuca,

é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,

é a dor dos que ficaram para trás,

é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:

aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:

não ter por quem sentir saudades,

passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

 

PABLO NERUDA

OU TARDE OU CEDO

 

Fechei os olhos, prendi-me todo

No mar de lodo que tu

Fazes de quem te quer bem

Fiz tais figuras e fui tão louco

Que a pouco e pouco, por fim,

Cheguei a ter dó de mim
Gostar de quem nos faz mal

Magoa cá dentro

Mas na vida, o principal

`E mesmo gostar d'alguém

Foi sempre assim, podes crer,

Também te vai suceder

Não é segredo,

Tudo se paga,

Ou tarde ou cedo

 

NOBREGA E SOUSA/JERONIMO BRAGANCA

 

 

 

 

 

FECHADA NA CONCHA

 

 

As vezes doi-me o peito

Do lado do coracao

Por causa deste jeito

De nao ouvir a razao

 

E vou lutando comigo

Sem ser capaz de vencer

Escondida em meu abrigo

Torturando este meu ser

 

As vezes odeio o mundo

E a sua perversidade

E outras ate confundo

Sacanagem com bondade

 

E fecho-me dentro de mim

E deixo de ver o ceu

Ate que um dia , por fim

Volto outra vez a ser eu.

 

HOJE NAO, MEU AMOR, HOJE NAO

 

 

 

Hoje nao venhas bater-me `a porta

Nao venhas interrogar o meu olhar

Tenho a alma rastejando quase morta

Buscando algo que a ajude a levantar

 

Hoje nao venhas falar de amor

Ha chagas abertas no meu coracao

Nao pises, distraido, sobre a dor

Que doi e se contorse em tua mao

 

Hoje nao, amor da minha vida

Hoje nao sou tua , nem de ninguem

Sou apenas uma sombra perdida

Esperando o milagre que nao vem

 

Abro os bracos ao universo

Pedindo sua ajuda e proteccao

Que a dor expressa neste verso

Possa enfim, chamar sua atencao

 

Nao sei se hei-de viver ou morrer

Igual peso nos pratos da balanca

Vivendo, morro por te nao ter

Morrendo, vivo na tua lembranca

 

Hoje, nao  toques a campainha

Quero viajar ao fundo de mim

Penetrar nesta dor apenas minha

Perpetua-la,........... ou de uma vez por todas, .......dar-lhe um fim.

 

MDM