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vivendo e aprendendo

partilha de experiência de vida a nivel geral. Divagar sobre pintura,poesia,história e sobre a sociedade em que vivemos.

vivendo e aprendendo

partilha de experiência de vida a nivel geral. Divagar sobre pintura,poesia,história e sobre a sociedade em que vivemos.

ALBERTO RIBEIRO- A CANCAO DO CIGANO

 
Passei , por acaso, por esta musica, e nao pude evitar , ao ouvi-la, uma dor no coracao,ao lembrar de um velho amigo.
Pois `e meu amigo do peito, esta musica tem a tua cara, cantava-la tao bem quanto o Alberto Ribeiro, porem com o teu toque especial , que so a favorecia.
Quantas vezes te ouvi cantar, esta e outras, mas esta era especial, quando a cantavas todo o grupo fazia silencio, ate os garotos mais pequenos se calavam, o que era raro.
Que saudade , meu amigo, saudade de ti, saudade da minha Susana, saudade de todos, saudade da amizade que fazia de nos um grupo coeso, sempre juntos, sempre alegres, sempre com a viola as costas, cantando por aqui e por ali, com toda a nossa pequenada a saltitar ao nosso redor.
Um grupo em que muitos queriam entrar, e  por vezes juntavam-se a nos, mas nunca demoravam muito. Ninguem aguentava a nossa pedalada, faziamos diretas e no dia seguinte estavamos a trabalhar como se tivessemos dormido a noite toda. Para nos nao havia obstaculos, do nada faziamos momentos inesqueciveis.
Tinhamos sempre pouco dinheiro, mas quem precisava dele, quando se tinha a força da juventude, o sangue todo na guelra?!
Que nos aconteceu meu amigo?
Do nosso grupo, a Susaninha, a minha Susana, foi a primeira a partir, com trinta e um aninhos desapareceu. Ela que era a mandona do grupo dos nossos putos, que tomava conta dos mais novos e dos mais velhos, lembras-te amigo?
E tu meu amigo, foste a seguir, sessenta e cinco anos, ainda `e cedo para ir embora. Que se tera passado contigo? Nunca o saberemos.
Todos os dez de Janeiro me lembro de ti com muita saudade, no proximo farias sessenta e sete.
Sera que de onde voces se encontram, conseguem saber de nos? Imagino-vos com um sorriso, em paz...espero que assim seja.
 Quem sera o proximo a juntar-se a voces dois? Talvez nos encontremos todos novamente,em algum lugar...

O CASACO VERDE

 

 

Naquele dia trinta e um de Dezembro, igual a todos os outros dias, diferente apenas pelo movimento da loja, e pela euforia das empregadas querendo sair cedo para comemorar a passagem do ano, por instantes, o meu coracao parou.

Ao chegar, no final do dia, a nossa rua, tu la estavas a porta, esperando por mim.

Nesse momento, em que os meus olhos te viram, e o meu coracao parou, eu quis ser Deus. Quis ter o poder de te salvar, de te proteger daquela vida em que andavas, que te ia destruindo tao depressa, e a mim tao lentamente.

Abracaste-me e disseste:

-Parabens mae.

Depositaste na minha mao um saco de plastico sujo e amachucado, pequeno demais para o que trazia dentro, e murmuraste orgulhosa:

- `E a tua prenda.

Quando me abracaste, todo o meu ser estremeceu, ao sentir o teu corpo tao magro, quase esqueletico.

Era o dia do meu aniversario, que tu nunca esquecias, andasses por onde andasses. Por muito tempo que estivesses fora de casa, sem dar noticias, sempre aparecias no dia do meu aniversario. Por muito que a tua cabeca andasse perdida, fazias sempre questao de me ver nesse dia. 

Eu abracei-te, murmurei um "obrigada" e la fiquei, parada, estactica, com aquele novelo de lagrimas que ia do coracao a garganta, e da garganta ao coracao, sem poder desenrolar-se. La fiquei a ver-te partir, acenando-me, num carro que eu desconhecia, com alguem que eu desconhecia, cheia de pressa, tinhas sempre pressa.

Ainda com as pernas a tremer, completamente transtornada, subi as escadas ate ao segundo andar, aquelas escadas que tantas vezes subi e desci carregando-te, primeiro nas minhas entranhas, depois nos meus bracos, as vezes as costas. Aquelas escadas que subias e descias a minha frente, sempre a rir, sempre a saltitar, comigo no teu encalco tentando proteger-te, quando ainda podia proteger-te. Aquelas escadas que mais tarde subiria contigo nas minhas costas, com as duas pernas engessadas desde o pe ate a virilha. Ainda hoje estou para saber como consegui ter tanta forca nesse dia, como `e que nao rebolamos as duas pelas escadas abaixo. Penso que foi a esperanca que, nessa epoca, ainda tinha no coracao, e a vontade de que ficasses bem, que me deram forca nesse momento. Bom, mas isto `e material para outra historia.

Atordoada fechei a porta atras de mim, sem coragem para ver a prenda.

Quando finalmente me decidi a ver o que estava no saco, o meu corpo descaiu  ficando sentado no sofa da sala. Do saco sujo e amachucado, saiu um casaco comprido, de pele curtida,verde escuro. Tinha , e ainda hoje tem, uma pequena mancha. Um casaco que, eu sabia, tu nao podias comprar.

Um casaco que, como um punhal, me atigiu o coracao.

Ainda la esta, pendurado no roupeiro do meu quarto, no mesmo sitio onde foi pendurado, naquele dia.

Chorei entao, chorei lagrimas de sangue.

A partir dai, esse dia passou a estar sempre presente em cada trinta e um de Dezembro.

Algumas vezes abri a porta do roupeiro, pensando usar o casaco, mas voltava a fechar.

Algumas vezes abri a porta do roupeiro, pensando deitar o casaco fora, mas voltava a fechar.

Passados todos estes anos, passadas todas as lagrimas que, depois disso, derramei, ele la esta , impavido e sereno, no roupeiro do quarto.

`E como uma marca, implacavel, brutal e permanente, do nosso sofrimento.

 

 

 

PS: Por ser real, cada palavra, cada frase, foi escrita com dor.

Talvez uma va tentaviva de desatar os nos que trago no peito.

 

Escrito por: Maria Letras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DESABAFO

 

 

Doi-me na alma o sofrimento de qualquer ser vivo, mas a dor torna-se insuportavel, quando se trata dos seres humanos que amo.

Existem neste mundo umas quantas pessoas que amo mais do que a mim propria, e quando elas sofrem, eu sofro com elas, especialmente se me sinto impotente para as ajudar.

Infelizmente sei muito bem do que falo.

Gastei dez anos da minha vida, entre os 36 e os 46, a tentar ajudar e salvar da droga uma filha.

Uma filha linda, que durante nove meses carreguei nas minhas entranhas, uma filha que criei com todo o amor e carinho, uma filha que amei como amo qualquer uma das minhas filhas.

Gradualmente, fui assistindo , impotente, `a sua degradacao.

Nada do que fizesse resultava, e fiz tudo o que se possa imaginar.

Nao estava preparada para lidar com aquela situacao, ninguem o esta. Desengane-se quem pensa que esse tipo de coisas so acontece aos outros, nao tem a ver com educacao, nao tem a ver com nivel social. So quem nao percorreu, como eu, muitos dos centros de recuperacao existentes, pode pensar assim.

Durante esses dez anos, passei por situacoes que nao desejo ao meu maior inimigo. Talvez mais tarde arranje coragem para descrever essas situacoes.

Neste momento, estou apenas a tratar o assunto pela rama.

A minha filha entrou na droga aos 17 anos e so conseguiu sair aos 27, e com varios problemas de saude.

Casou e teve uma filhota, e foi exactamente o facto de ser mae que a trouxe de volta `a vida.

A filha era a maior alegria da vida dela.

Estava feliz...

Tinha um emprego razoavel, voltou a estudar, deixou de fumar...

Seria um final feliz, se tres anos depois,nao tivesse perdido a vida num acidente de carro, do qual nao teve culpa.

Esse foi o maior golpe que ja sofri na minha vida.

Para ti Suzana, filha da minha alma, o meu abraco, que tu bem conheces e toda a minha saudade.

Olha por mim, como eu olhei por ti.

 

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Assim a jeito de remate, so quero dizer o seguinte:

 

Quem passa por situacoes destas, esta a borrifar-se para o que possa dizer ou pensar, quem mais nao tem que fazer, do que dizer mal dos outros.

 

Quando se sofre uma dor desta dimensao, e que nos acompanha para o resto da vida, tudo passa a ser visto de uma outra perspectiva.

 

 

Na foto: Suzana

Texto de Maria Letras

 

 

 

SAUDADES DE TI

Quando, finalmente,apos uma espera de nove meses, vemos sair das nossas entranhas, um novo ser, `e como se, de repente, o mundo se aconchegasse nos nossos bracos.

Quando a fatalidade nos rouba esse ser, `e como se o mundo, subitamente, caisse em cima da nossa cabeca, esmagando-nos por completo.

Saudade imensa...

26.06.2011 

 

AUSENCIA

AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

 

 

Carlos Drummond de Andrade

 

26.06.2011

 

ESTRELA DO MAR

 

 

 

 

Tive uma estrela linda e brilhante , que amei com toda a minha alma.

Chegou com o calor do verao , mais precisamente no mes de Junho.

Vinha carregada de energia a minha estrela , trazia um sorriso aberto ,

e na bagagem as emocoes explodiam.

Virou a minha vida do avesso. Por ela e com ela chorei , gritei , sofri ,

mas tambem ri , saltei , pulei de alegria. Tinha esse condao a minha estrela.

Um dia vi-a partir e o meu ceu escureceu.

Amava o mar a minha estrela...talvez ela fosse uma estrela do mar...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SINAIS

FOI AQUI NESTE MESMO LUGAR , SENTADA À BEIRA DA CAMA QUE RECEBI A NOTÍCIA.

ATENDI O TELEFONE E OUVI A VOZ DA MINHA FILHA SANDRA DIZER ENTRE SOLUÇOS AQUILO QUE O MEU CORAÇÃO ADIVINHARA.

HÁ COISAS QUE NÃO SE EXPLICAM.....

SÃO COMO QUE SINAIS QUE NOS CHEGAM ,SEM QUE NO MOMENTO FAÇAM QUALQUER SENTIDO.

QUANDO VI PELA PRIMEIRA VEZ ESCRITA A DATA 07/07/07 ,FOI NA INTERNET ANUNCIANDO QUE IRIA  HAVER EM LISBOA UM EVENTO DE DIVULGAÇÃO DAS SETE MARAVILHAS DO MUNDO.

AO VER ESCRITA AQUELA DATA , TIVE UM CALAFRIO E COMENTEI COM QUEM ESTAVA PERTO:  -NÃO GOSTO DESTA DATA , ESPERO QUE NÃO ACONTEÇA ALGO DE MAU NO EVENTO QUE VAI HAVER NO ESTÁDIO DA LUZ.

 

ESTE FOI O PRIMEIRO SINAL.....A DATA....AQUELA DATA TINHA ALGO DE NEGATIVO ,EU TINHA CERTEZA ,SÓ NÃO SABIA O QUE ERA.

 

NAQUELE SÁBADO (07/07/07) DEPOIS DE DEIXAR A MINHA FILHA RITA NA AULA DE DANÇA ,PODERIA TER IDO ÁS COMPRAS ,OU TER IDO PARA CASA TRATAR DAS LIMPEZAS ,COMO ERA HABITUAL FAZER EM TODOS OS SÁBADOS ANTERIORES;

SEM SABER PORQUÊ , FIZ ALGO QUE JÁ NÃO FAZIA HÁ MUITOS ANOS:

FUI Á IGREJA ,  APENAS POR MINHA LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE.

NA ULTIMA DÉCADA , PARA NÃO DIZER MAIS , FUI Á IGREJA APENAS PARA CASAMENTOS , BATIZADOS , OU COISAS DO GÉNERO.

POIS NAQUELE DIA NÃO HAVIA NENHUM MOTIVO ,FUI PORQUE FUI.

SENTEI-ME , REZEI ,PEDI POR TODOS OS MEUS E PELO RESTO DO MUNDO ,OBSERVEI ,ESTIVE ENQUANTO ME APETECEU E PRONTO.

 

ESTE FOI O SEGUNDO SINAL.....NÃO SEI EXPLICAR PORQUÊ....MAS SEI QUE FOI UM SINAL.

 

NESSE MESMO DIA DEPOIS DE JANTAR ESTAVAMOS TODOS (OS CINCO CÁ DE CASA E MAIS O MEU MANO QUE TINHA VINDO PASSAR O FIM DE SEMANA CONNOSCO) NA SALA A CONTAR HISTÓRIAS E NA BRINCADEIRA ,E NÃO SEI PORQUE CARGA DE ÁGUA ME DEU PARA LIGAR O COMPUTADOR.

PRIMEIRA COISA QUE VEJO QD ABRIU A PÁGINA DO SAPO:

ACIDENTE NA ZONA DE TORRES VEDRAS , CHOQUE FRONTAL ,DUAS PESSOAS MORRERAM ,CRIANÇA DE CERCA DE 3 ANOS EM ESTADO GRAVE ,BLÁ BLÁ BLÁ..........

            POSSO DIZER QUE O MEU CORAÇÃO DISPAROU

COMO NÃO QUERIA ESTRAGAR A BOA DISPOSIÇÃO DA FAMILIA COM OS MEUS PRESSENTIMENTOS , LEVANTEI-ME E FUI PARA O JARDIM COM O TELEFONE LIGAR PARA A MINHA FILHA SUZY,QUE MORAVA NA LOURINHÃ.

LIGUEI DUAS VEZES SEM RESPOSTA ,PELO QUE A MINHA PREOCUPAÇÃO FOI AUMENTANDO.

FUI PARA DENTRO E COMENTEI  O QUE ESTAVA A ATORMENTAR-ME , MAS NÃO HAVIA COMO ESCLARECER.

PASSADO UMA HORA ESTAVA A RECEBER A NOTICIA.